sexta-feira, julho 3

Poesia

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A entrada do terceiro milênio não decreta a morte da poesia, muito pelo contrário. Com as facilidades da informática e da internet os blogs vieram oportunamente cumprir um papel importantíssimo como veículo de divulgação das mais diversas formas de expressão, inclusive da poesia. São autores e personagens, são musas e mecenas, todos navegando nas mesmas águas digitais. Os blogs estão repletos de boa poesia e tem crítico literário de olho nessa tendência.
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A poesia é reconhecidamente a forma de expressão literária mais antiga que se tem notícia. A tradição conta que a manifestação poética mais antiga que se conhece é o Poema da criação “Enuma Elish”, escrito na babilônia cerca de 2.000 a.C.


Assim como na pintura, a poesia também procurava contar a orígem dos deuses. Na pintura acima Botticelli representou o nascimento de Afrodite (O Nascimento de Vênus (Afrodite), Sandro Botticelli - Galeria Uffizi, Florença).

Odes aos deuses ou à natureza, épicos de cavalaria ou cânticos para o simples deleite da alma, a poesia é também uma das formas de criação literárias mais pessoais. Ali, o autor, quando assim deseja, imprime seus mais profundos sentimentos. Revela de forma bem peculiar uma visão emocional ou conceitual de idéias, fundamentadas numa visão de mundo que é seu do ponto de vista particular.

Escrever poesia é comunicar emoções. Ela pode ser criada para enaltecer o belo, por meio de palavras seletas, ou pode servir simplesmente para excitar a alma, drenar as emoções contidas. A associação de imagens do mundo vivido (ou não vivido) com o mundo sonhado pode produz belas impressões e antagonismos.

Aprecio boa poesia. Não só as clássicas, mas a poesia moderna também. Versos brancos ou livres, o que importa é expressividade, criatividade e riqueza de imagens.

Passarei a divulgar aqui neste espaço, de vez em quando, alguns de meus poemas, sem pretensões literárias, mas apenas para dar a conhecer aos amigos leitores um pouco de mim. Fiquem à vontade para comentar da mesma forma.

Meus versos tem um pouco do platonismo e da dualidade barroca, do eterno conflito entre o espírito e a carne. Como este que segue:


Fuga de mim

Grilhões que estas mãos forjaram
Mantêm-me em clausura consentida
Aprisionam minha carne sedenta
Embargam meus desejos adulterosos.

Compelido por sonhos incontidos
Dissipo-me por entre elos férreos
E como o gelo que se torna em água
Sinto-me desaguar embebido em devaneios.

Volatilizado e senhor das minhas vontades
Deixo-me expandir por mundos que fantasiei
Fora do meu corpo vivo outras vidas
Livre de mim sonho outro sonhos.

Eu, eterno prisioneiro de mim
Carrasco bárbaro da minha carne
Escravo das minhas próprias escolhas
Compungido e contido, fujo de volta.

Como um passarinho domesticado
Deixo-me enclausurar sem resistência
Lânguido, exausto, fragilizado
Vejo-me outra vez em cela vã.

A todos um bom final de semana cheio de lirismo.

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